E se o fizer em relação à Nazaré (e atenção que ninguém é mais Nazareno que eu para o bem e para o mal), o cenário é o seguinte:
Tentem imaginar um estabelecimento de restauração que foi em tempos uma referência (anos 70 e 80). Onde se comia uns bons caracóis, um bom berbigão, onde o vinho de barril era melhor que qualquer "Barca Velha".
Onde se juntavam filas de pessoas à espera de mesa, gente de todos os estratos sociais e muitos estrangeiros encantados com a tipicidade e autenticidade do local.
Com o chão repleto de serradura porque não havia tempo de o limpar e assim evitavam-se alguns acidentes.
Mas o tempo foi passando e os filhos dos proprietários, que cresceram nesse mesmo local não apresentam o mesmo gosto pela actividade, talvez por não terem tido a infância solta de outros, ou apenas por falta de aptidão para o negócio, foram deixando o restaurante se degradar e ser ultrapassado por outros que iam surgindo à sua volta.
É já tarde que se apercebem que estão desactualizados, são já mais as despesas do que as receitas e num esforço inglório tentam a todo custo investir e tornar esse outrora local de romarias num moderno restaurante.
Mas como a capacidade financeira já é pouca e a obra não é feita de raiz. Mudam-se as portas, pintam-se as paredes, aparelha-se a cozinha, etc...etc.
Resultado?
Uma casa descaracterizada, que continua a ser gerida por pessoas incapazes para a função, e agora ainda mais endividados.
Agora trabalham com alguns clientes ocasionais, mas não especialmente agradados com o serviço, só irão voltar novamente de forma ocasional e à falta de melhor.
Não sou um pessimista, sou optimista, até de mais, mas é preciso percebermos de uma vez por todas que precisamos de gente competente e com gosto pelo que faz nos lugares de decisão.
A gestão do silêncio tem de dar lugar ao debate de uma estratégia de fundo e de um rumo a seguir e deixarmos de "atamancar".
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