terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Orçamento abandonado... dado para adopção.

"Para o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada."

Edmund Burke
A pouca vergonha também bate recordes 
O Orçamento anual da autarquia nazarena foi apresentado, discutido e votado por unanimidade, em reunião pública, no passado dia 13 de Dezembro no tempo recorde de 15 minutos.

Ao que consegui apurar, o valor do orçamento é de 44 milhões de euros, 32 milhões de passivo e 12 milhões de receita esperada.

Tendo em conta a linha de continuidade vigente nos últimos orçamentos, posso aqui arriscar, que dentro de um ano o orçamento da autarquia irá alcançar a barreira psicológica de 50 milhões de euros, ou seja, 10 milhões de contos.

Neste sentido, não resisti a estar presente numa reunião, que é histórica pelas piores razões.

Se não vejamos:

1º É o primeiro orçamento, de que tenho memória (também ainda sou novo), alguma vez a ter sido votado por unanimidade na CMN;

2º Foi apresentado, discutido e votado, em reunião pública no tempo recorde de 15 minutos;

3º O "pai" do orçamento, nem sequer esteve presente para a votação do mesmo. Podia não participar em mais nenhuma reunião ao longo do ano, mas não se entende que um documento “mestre” de orientação política e financeira, não seja apresentado e discutido na sua presença.

4º A ausência do vereador António Salvador, demonstra a vontade deste em tornar-se alternativa de futuro na liderança do PSD, estando assim encontrado o 1º candidato não oficial às eleições do próximo ano, confirmando a "paz podre" que se vive naquele órgão.

5º A situação até constrangedora a que chegou o actual Presidente do PSD, sozinho não só na mesa, como também na fraca afluência de militantes, com responsabilidades no seu partido, nos lugares do público.

6º O voto favorável dos 3 vereadores eleitos em listas do PS foi o momento alto (ou baixo dependendo do ponto de vista) da reunião. Era indisfarçável o desconforto que só não era maior, dada a lamentável pouca afluência de público na sala.

Não considero que o voto a favor da "oposição" seja por principio errado, nada disso, se houvesse abertura e diálogo para que se fizesse um orçamento rigoroso e justo que os tempos difíceis exigem, naturalmente a oposição teria de ser chamada a dar o seu contributo e ajudar na criação de condições políticas para o aprovar.

O que assisti foi exactamente o contrário, um orçamento igual a tantos outros, empolado na receita e na despesa, com obras que todos sabemos que não vão ser concretizadas e com despesas com pessoal no valor de 6,8 milhões de euros, valor superior às receitas reais da autarquia.

Na única declaração de voto vinda da bancada dos "independentes", da autoria de António Trindade, não ouvi uma única proposta para este orçamento, uma única medida a aplicar em termos de contenção orçamental. Confirmando a total ausência de pelouros e por conseguinte a nulidade no contributo para a execução deste documento.

Concluo que vários meses depois de se terem aliado a Jorge Barroso, o contributo destes resume-se a estarem calados e de braços pregados à mesa da sala de reuniões, rendidos a um vencimento mensal!

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